Do muro da entrada do vilarejo Sallen observava tudo, como
de costume. Porém, algo estava diferente naquela noite. As simples casinhas da cidade estavam
diferentes. Todas iluminadas. Decoradas para o Natal.
Se pudesse Sallen teria sorrido. Ou realmente o fez, não se
sabe, estava muito escuro para se ter certeza. E naquela escuridão via-se
apenas as luzes de Natal e os olhos azuis de Sallen. Ambos embelezando a noite
da vila.
O felino adorava Natal. Ganhava mais atenção dos moradores.
Até quem passava e não afagava suas orelhas era mais gentil nessa época do
ano. A quantidade de comida aumentava. E
sempre alguma menininha tentava amarrar laços vermelhos no pobre gato, que por
educação, os mantinha em seu pescoço até que a criança saísse de vista.
Sallen sempre preferiu comida e carinho a laços de fita.
Nada pessoal, ele só não gostava. Guisos também não eram do seu agrado. Ratos
gordos e passarinhos bem nutridos, tudo bem. Estes estavam no topo da lista dos
presentes de Sallen.
Não que o gato pedisse algo. As pessoas do vilarejo gostavam
dele. E o amor delas era tão grande que transbordava em forma de agrados ao
felino de pelo escuro. E Sallen, por sua vez, sempre amou e protegeu aquele
pequeno lugar. E as pessoas que viviam
nele.
Portanto, naquele Natal não seria diferente. Com ou sem
ratos gordos, laços e passarinhos, o bichano faria seu trabalho. Mas, se sobrar um pedacinho do peru, pode
mandar, viu? Sallen não se ofenderá.
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