sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Um gato, uma touca e uma guria


Naquela manhã chovia canivetes, bigornas e tudo mais que se podia imaginar. Incluindo pingos d’água.  Parecia até que o mundo iria acabar.
Eduarda entrou em casa encharcada. Os cabelos negros pingavam grossas gotas que manchavam o assoalho.
-Que legal- resmungou ela.
Porém, o som de um miado a fez esquecer que tinha chuva até nos ossos.  Jaffar veio caminhando em sua direção, gordo e laranja.
-Olá-sussurrou ela, pegando o bichano- trouxe um presente para você.
Eduarda viu os olhos do gato brilharem e ele lambeu os lábios felinos.
A jovem remexeu na sacola e puxou dela uma touca vermelha.
Jaffar arregalou os olhos e miou, suplicando. Não, uma touca de Natal, não! O gato escapou do colo de sua dona e foi se esconder embaixo do sofá.
-Jaffar-chamou Eduarda, sem sucesso. Apenas um rabo laranja podia ser visto. Balançando lentamente.  
Talvez o gato saísse dali depois do fim do mundo. Ou do Natal...
Eduarda suspirou pesadamente. Foi tomar banho. Jaffar que se desemburrasse sozinho. A touca ficou jogada, perto do canto do sofá favorito do gato e de sua dona.
A garota tomou um banho demorado. Precisava esquentar os ossos, o corpo e alma. Depois daquela chuva que parecia querer arrastar a raça humana consigo.
Ao voltar para sala suspirou. Mas não de cansaço, alívio ou coisa parecida. Mas de alegria e de orgulho. O motivo? Jaffar, é claro. O bichano estava dormindo enroscado no sofá. Uma bola laranja linda. E no topo daquela bolinha felpuda algo vermelho. Uma touca natalina.  Eduarda sorriu.
-Como você fez isso, hein? – perguntou ela se aproximando e afagando o gato. Jaffar ronronou alto, como resposta. A jovem sorriu e deitou-se ao lado do seu amigo de estimação.
Porque era isso que Jaffar era. Uma bola de pelos laranja e amiga. A companhia ideal para passar o Natal. Com ou sem touca.

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