Naquela manhã chovia canivetes, bigornas e tudo mais que se
podia imaginar. Incluindo pingos d’água.
Parecia até que o mundo iria acabar.
Eduarda entrou em casa encharcada. Os cabelos negros
pingavam grossas gotas que manchavam o assoalho.
-Que legal- resmungou ela.
Porém, o som de um miado a fez esquecer que tinha chuva até
nos ossos. Jaffar veio caminhando em sua
direção, gordo e laranja.
-Olá-sussurrou ela, pegando o bichano- trouxe um presente
para você.
Eduarda viu os olhos do gato brilharem e ele lambeu os
lábios felinos.
A jovem remexeu na sacola e puxou dela uma touca vermelha.
Jaffar arregalou os olhos e miou, suplicando. Não, uma touca
de Natal, não! O gato escapou do colo de sua dona e foi se esconder embaixo do
sofá.
-Jaffar-chamou Eduarda, sem sucesso. Apenas um rabo laranja
podia ser visto. Balançando lentamente.
Talvez o gato saísse dali depois do fim do mundo. Ou do Natal...
Eduarda suspirou pesadamente. Foi tomar banho. Jaffar que se
desemburrasse sozinho. A touca ficou jogada, perto do canto do sofá favorito do
gato e de sua dona.
A garota tomou um banho demorado. Precisava esquentar os
ossos, o corpo e alma. Depois daquela chuva que parecia querer arrastar a raça
humana consigo.
Ao voltar para sala suspirou. Mas não de cansaço, alívio ou
coisa parecida. Mas de alegria e de orgulho. O motivo? Jaffar, é claro. O
bichano estava dormindo enroscado no sofá. Uma bola laranja linda. E no topo
daquela bolinha felpuda algo vermelho. Uma touca natalina. Eduarda sorriu.
-Como você fez isso, hein? – perguntou ela se aproximando e
afagando o gato. Jaffar ronronou alto, como resposta. A jovem sorriu e
deitou-se ao lado do seu amigo de estimação.
Porque era isso que Jaffar era. Uma bola de pelos laranja e
amiga. A companhia ideal para passar o Natal. Com ou sem touca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário