segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O caso da bala de goma vermelha - Parte 2

Holmes segurou meu pulso e me guiou até uma enorme sala de convivência onde todas as crianças esperavam ansiosas pela visita de um certo Papai Noel manco e velho de guerra. Uma enorme poltrona fora colocada para mim no centro do recinto. Acomodei-me ali e as crianças organizaram-se em uma enorme fila. Uma por uma fui as colocando sobre meus joelhos, ouvindo seus pedidos e entregando seus presentes. Holmes permaneceu ao meu lado e por vezes foi um ótimo assistente. Três ou quatro crianças perguntaram a Sherlock onde estava o doutor Watson que estava perdendo a visita do Papai Noel. Holmes balançava a cabeça tristemente e dizia que seu companheiro e fiel amigo deveria demorar, e só chegaria a tempo do jantar.
Após a última criança da fila receber seu presente, o Papai Noel despediu-se e minutos depois eu surgi pela entrada principal da sala de jantar. Ao me ver entrar Holmes piscou para mim e contou-me em voz alta que eu perdera a visita do Bom Velinho.
-Estranhamente ele mancava como você- sussurrou ele ao meu ouvido.
Durante o jantar as crianças relataram para mim, em detalhes, como havia sido a chegada do Papai Noel. Algumas mais agitadas balançavam os presentes que receberam á frente de meu rosto. Eu sorria para as crianças e dizia sentir muito por não ter presenciado mais de perto esses momentos.
Logo após o jantar o momento mais esperado da noite (por Holmes, ao menos) aconteceria. Era a hora das crianças desafiarem o famoso detetive com um pouco de lógica dedutiva, através de um jogo de salão. Primeiramente Sherlock deveria deixar a sala de jantar. Logo após eu encheria uma tigela com balas de goma, das quais apenas uma era da cor vermelha. Em seguida cada criança teria a chance de pegar uma porção dos doces, sem olhar para a tigela. O felizardo que pegasse a bala vermelha escolheria um objeto meu e o esconderia em alguma parte da vasta sala.
Logo após meu objeto ser escondido chamamos Holmes e ele retornou á sala de jantar. Sherlock pediu silêncio e observou cada criança e o local, atentamente com seus olhos de gavião e a ponta dos longos dedos unidos e á frente de seu rosto.
-Benny, por favor, poderia devolver o relógio do doutor Watson que você habilmente escondeu dentro de seu ursinho de pelúcia? – Holmes perguntou aproximando-se do garoto, que arregalou os olhos.
Eu sorri, acostumado com os métodos de meu amigo. Porém como sabia que nenhuma das crianças teria coragem fiz a pergunta que as incomodava:
-Como você deduziu isso, Holmes?
-Elementar, meu caro Watson- disse ele rindo e ao começar a explicar seu olhar se perdeu no horizonte e as palavras saíram velozmente de sua boca- Ao me ver entrar na sala, Benny sorriu maliciosamente e pude ver que seus dentes tinham uma coloração avermelhada, causada pelo fato de o menino ter ingerido a única bala desse tom de nossa tigela. Logo, ele seria o responsável por esconder o seu objeto, meu caro amigo. Agora... Que objeto seria esse? Ao olhar para suas calças pude ver que o volume sempre produzido por seu relógio de bolso estava ausente, sem contar a falta da corrente de prata, que às vezes salta para fora de seu bolso. E você sendo um homem prático entregaria o primeiro objeto que teria em mãos e lhe viria á mente: seu estimado relógio. E agora: Aonde nosso querido Benny teria escondido tão estimado objeto? Uma rápida olhadela nele e o vemos sentado ao lado de um simpático urso de pelúcia com o pescoço torto. Chumaços de pelúcia estão presentes na calça de Benny e um pouco de enchimento salta do pescoço do pobre urso mutilado. Sem contar, claro, o canivete mal escondido atrás daquela almofada, que foi usado na abertura do infeliz ursinho de pelúcia. Não foi exatamente um bom esconderijo, Benny- finalizou Sherlock tirando seu olhar do vácuo e o direcionando para o garoto.
Benny e todas as outras crianças estavam boquiabertas. A cada ano Sherlock conseguia as deixar mais impressionadas. Sorri novamente.
-Agora, Benny... Acho que posso ter meu relógio de volta, certo?- perguntei.
Benny estraçalhou o ursinho de pelúcia que em outros tempos já teve melhor sorte e devolveu meu relógio de bolso. Olhei para o horário que marcava. Estava ficando tarde, precisávamos ir. Sherlock olhara a hora por cima de meus ombros.
-Vamos Watson, temos ainda que nos encontrar com Papai Noel e agradecer sua gentil visita a esses jovens – disse Holmes.
Nos despedimos das crianças e fomos direto para Baker Street onde ao invés de Papai Noel nos encontramos com ótimas xícaras de chá e após uma bela noite de sono.


Nota: Me inspirei para escrever esse conto em: Obviamente as histórias de Sir Arthur Conan Doyle sobre Sherlock e Watson e em um dos cartões do jogo Scotland Yard. Pois bem, espero que gostem.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O caso da bala de goma vermelha - Parte 1

Nota: Me inspirei para escrever esse conto em: Obviamente as histórias de Sir Arthur Conan Doyle sobre Sherlock e Watson e em um dos cartões do jogo Scotland Yard. Pois bem, espero que gostem.

Holmes estava sentado em uma das nossas poltronas de veludo em frente á lareira e com as pontas dos dedos unidos tocando os lábios. Sua expressão era uma interessante mistura de concentração e devaneio. Quando me viu entrar na sala ficou de pé em um salto.
-Watson! Meu velho... Achei que não ficaria pronto nunca. Então, trouxe tudo que lhe pedi?- perguntou Holmes radiante, os olhos brilhando. Raramente eu podia vê-lo tão empolgado.
Sherlock Holmes esfregava as mãos enquanto eu conferia os itens da minha grande valise preta.
-Acredito que sim – respondi.
-Então vamos, temos muito trabalho pela frente.
Era noite de Natal e Londres estava coberta de neve quando Holmes e eu pegamos uma carruagem rumo ao Orfanato da Rua Bond. Desta vez não era um caso de chantagem, roubo ou assassinato que nos atraíra para o local, mas pura e simplesmente o velho espírito de Natal. Holmes e eu passaríamos esta noite com os órfãos da Rua Bond e eu me passaria por um alegre Papai Noel para tornar a noite daquelas pobres crianças mais esperançosa e iluminada.
Antes de nos encontrarmos com as crianças fomos recepcionadas pela senhora Morgan, a responsável pela administração do local. Aquela senhora baixinha e de sorriso alegre conduziu-nos, Sherlock e eu, pelo orfanato com todo o cuidado. Passamos por muitos caminhos alternativos, afim de que as crianças não nos vissem antes que eu estive completamente transformado no bom velinho.
Depois de alguns minutos eu estava totalmente vestido de vermelho e com uma barba falsa que me pinicava o rosto.
-Perfeito! Excelente, Watson! – exclamou Holmes ao me ver- Agora vamos até aquelas crianças e avisá-las que o convidado de honra finalmente chegou!

sábado, 28 de janeiro de 2012

Entardecendo

O sol se pondo e o calor sobre meus ombros faziam eu sentir uma sonolência morna e lenta. Meus olhos piscavam. Piscavam. E se eu jogasse a cabeça para trás, provavelmente dormiria. Sorri ao sentir a brisa jogar meus cabelos para trás e farfalhar as folhas nas árvores próximas. Pensei em você, sabia? Não, claro que não sabia. Nunca tive coragem para te contar o que sentia. Sinto? Enfim... Está um belo entardecer. Quer vir comigo?
Sorria. Você sabe exatamente onde me encontrar. Te espero.

Até breve.

Estrelas sorridentes

Eu ficara calada e sentada ali por horas. Já havia esquecido o motivo. Eu estava ali por quê...? Não conseguia me recordar. Talvez eu não tivesse lugar melhor para estar. Então eu olhei para cima e vi todas aquelas estrelas brilhando para mim. Sorri. Todos aqueles pontinhos brilhantes iluminando minha noite. Jogando sua luz sobre mim. Meu sorriso cresceu e devolveu luz para as estrelas, que a refletiram e assim permanecemos. Eu, meu sorriso e as estrelas. Uns sorrindo para os outros.


Sugestão: Ler esse post ouvindo Yellow do Coldplay.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

E aí, pode ser?

Parece que sempre é preciso falar mais e mais. Conhecer mais e mais. Ter cada vez mais histórias para contar. Mais tempo juntos. Mais risadas compartilhadas, mais! Eu quero mais tempo com você. E então? Poderia me dar essa honra? Sim ou claro?

sábado, 21 de janeiro de 2012

Quem não tem cão...

Quando Anna entrou no apartamento bagunçado de Edgar o encontrou sentado perto da janela, observando a chuva, que caia lentamente, ainda de pijama. Seus olhos estavam azuis clarissímos quase beirando o cinza, parecidos com o céu lá fora. Ao ouvir os passos encharcados de Anna, Edgar desviou sua atenção da chuva e caminhou em direção a garota, sorrindo.
-Você está parecendo um cachorro vira-lata abandonado - observou ele, ao chegar mais perto torceu o nariz - E está cheirando feito um também.
Anna mostrou-lhe a língua, enquanto suas roupas pingavam grossas gotas de chuva no assoalho.
-Também te amo, querido - disse ela jogando um beijo no ar e correndo em direção ao quarto de Edgar.
Alguns minutos depois Anna estava de volta a sala, vestindo um roupão felpudo verde esmeralda. Edgar arqueou a sobrancelha esquerda sugestivamente e sorriu maliciosamente com o canto da boca.
-Você não está mais fedendo feito um cão abandonado- comentou.
-Isso foi um elogio? Ora, muito gentil da sua parte - riu Anna jogando-se no sofá vermelho de Edgar.
O rapaz suspirou.
-Está chovendo - disse ele.
-Está sim.
-Nosso piquinique já era.
-Há males que vem para o bem- devolveu Anna.
Edgar franziu a testa e seus olhos ficaram dois ou três tons mais escuros.
-Como assim? - ele quis saber.
-O bolo que eu fiz para o piquinique ficou péssimo - começou a explicar Anna- Aliás, estou usando como peso de papel no momento - disse ela em um tom meio tristonho.
-Já disse que você é dramática? Nas últimas 24 horas?- perguntou Edgar.
Anna deu de ombros.
-Não que eu lembre - pausa dramática- Mas, acredite... O bolo ficou ótimo... De peso de papel.
Edgar revirou os olhos.
-Coloque na chuva, aposto que ajudará- riu ele indo em direção a Anna e dando lhe um abraço de urso. Anna teve certeza que um de seus ossos (ou mais) estalou naquele momento, porém ela riu. Adorava quando Edgar fazia aquilo. Adorava mesmo.
Lentamente Anna foi deslizando e cuidadosamente se aconchegando no peito de Edgar. Enquanto ela sentia o coração dele e Edgar podia ouvir a respiração de Anna, o apartamento permanecera em silêncio. A chuva na janela e o relógio da cozinha eram as únicas coisas que se atreviam a fazer barulho.
De repente Anna colocou-se em pé em um salto ágil.
-Tive uma ideia- anunciou e saiu correndo para a cozinha.
A chuva e um ex bolo e futuro peso de papel não atrapalhariam seus planos.
Alguns minutos depois, Anna e Edgar estavam em um belo piquinique... No corredor do apartamento. Anna arranjara tudo: toalha xadrez, cesta, café, biscoitos... Menos o bolo, que fazia um excelente trabalho, onde estava, como peso de papel.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Certezas

Anna deitou-se embaixo do velho salgueiro e fechou os olhos, sentindo a brisa. Riu por conta das cócegas que lhe fazia o vento e esticou os braços e pernas enterrando os dedos na grama até sentir a umidade da terra.
Quando Anna estava prestes a adormecer, estando com um pé no mundo dos sonhos e outro em terra firme, ela sentiu um formigamento peculiar na ponta do nariz. Abriu os olhos incomodada e depois sorriu. Edgar a observava com seus olhos de mistério. Ela nunca tinha certeza sobre o que ele estava pensando. Nas mãos de Edgar, uma pluma branca. A causa das cócegas e a consequência do despertar.
-Já tinha adormecido? - perguntou ele com seu sotaque arrebatador, que sempre fazia Anna sorrir.
-Talvez... Um pouco- Anna pensou melhor- quase.
Edgar riu.
-Já disse que você é indecisa?- disse ele deitando-se ao lado de Anna.
-Hum... Hoje não - riu ela.
O casal permaneceu em um silêncio amigável por alguns segundos.
-Mas sabe... Tem algo que tenho certeza- disse Anna encarando os olhos de mistério de Edgar- Tenho certeza que te amo.
Os olhos de Edgar mantivera-se misteriosos.
-Ainda bem-respondeu ele.
Anna fingiu uma mistura de espanto e indignação. Depois imitou o som de uma sirene:
-Resposta errada. Tente de novo.
Edgar fingiu pensar, apertou os olhos e depois sorriu:
-Que tal assim: Eu também te amo Anna, tanto que nem sei como todo esse sentimento pode caber dentro de mim. Eu te amo e preciso me controlar a cada segundo para não gritar isso a todo o momento e para todos que vejo na minha ferente. Eu amo te amar, minha querida.
Anna o analisou por dois segundos.
-É, serve- respondeu.
Edgar riu.
-Eu imaginei que serviria.