quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sobre espirros e amor



Espirro. Espirro. Fungada. Espirro.
-Sai daqui, Pedro- resmungou Alice atirada no sofá.
Uma colcha xadrez aquecia o corpo pequenino da jovem.  Ela tremia. Ela estava resfriada.
-Deixa de ser fresca, Alice- disse Pedro entregando uma xícara de chá fumegando pra ela.
A fumaça adocicada da bebida subia em grandes aspirais. Alice fez uma careta.
-Não quero que me veja morrer- ela disse bebendo o chá.
-Sem drama- devolveu Pedro, sentou-se no sofá.
Alice fungou e bebeu o chá-de-sei-lá-o-quê.  Ela preferia não saber. Só beberia tudo em silêncio.
-Boa garota- disse Pedro, quando ela lhe entregou a xícara vazia.
Alice mostrou a língua e Pedro concluiu que a jovem já estava bem melhor. Ele beijou sua testa. Abraçou-a. Ela gemeu.
-Eu vou morrer!- reclamou ela.
-Se você não parar de dizer isso eu mesmo dou um jeito nisso.
-Duvido.
Pedro suspirou e a apertou com mais força.
-Eu também.
-Pedro...
-Sim?
-Acho que te amo.
-Eu também acho.
-Que bom.
-É.
-Tem mais chá?
-Tem.
Alice fungou.
-Eu vou trazer mais- disse Pedro levantando-se
Alice sorriu. Agora ela sabia que o ditado estava correto. Quem ama, cuida. 

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