quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Tuas mãos

De repente uma saudade imensa das tuas mãos. Delas acenando pra mim, me puxando pra perto de ti. Das tuas mãos segurando as minhas mãos, me convidando pra entrar, me alcançando um pote de sorvete. Aquele sorvete de morango que as tuas mãos serviam pra mim e que se lambuzavam de calda de chocolate.
-Coloco calda de chocolate por cima, né? - tu sempre perguntava.
Eu fazia sinal de positivo com a mão direita.
As tuas mãos que faziam café e cafuné, arrumavam a mesa, pegavam aquele livro que ficava na estante bem alto, aquele que as tuas mãos compraram e me deram de presente.
Saudade das tuas mãos pra não dizer, que na verdade, sinto saudade de ti.

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Fim

Chovia muito naquela tarde de setembro. Da janela da casa da fazenda, Catarina via, por entre as grossas gotas d'água, mais um dia se acabando.
No rádio, tocava aquela banda gaúcha "chegamos ao fim do dia, chegamos quem diria".
Catarina suspirou e o cheiro do chá de cidreira lhe entrou pelo nariz e foi até o peito, aquecendo o coração.
Naquele dia cinza, as coisas estavam estranhas, mas volta e meia todo mundo tem um dia meio assim. Meio estranho. Quando a gente se sente assim: meio pela metade.
Catarina sabia que passaria porque depois de uma noite bem dormida, tudo passa.
A chuva começou a bater forte na janela, Catarina e a fazenda inteira ouviu um trovão e depois silêncio. A chuva parara por hora. A tempestade parara por hora. A dor no peito de Catarina parara por bem mais de hora.