segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Veraneio de Anna

O Sol queimava muito, mas Anna estava protegida pelo seu chapéu de feltro maravilhosamente chique, como ela costumava dizer. Edgar ainda não chegara, mas ela não se importava, o que ela queria era aquele barulhinho de paz que o mar trazia e levava com as ondas.
Enquanto suspirava e sentia que o suor escorria pelo seu corpo, por milagre, não se importava com o calor. Enquanto tivesse a imensidão do mar bem pertinho dela, poderia fazer quanto calor o Sol decidisse.
E pelo jeito o Sol queria fazer calor e o mar queria fazer paz. E os dois conversavam, enquanto Anna suspirava.
Era bom ter um dia a mais para aproveitar essa sensação de que o Sol queria fazer a vida mais feliz e não mais quente e insuportável.
Enquanto agradecia a paz do Sol e a tranquilidade do mar, Edgar apareceu sorrindo. E aí sim, o veraneio da Anna estava completo.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Assunto sério

Mariana era sempre sorridente, mas, ao fazer um chimarrão seu rosto cor de terra ficava sério demais. Rodrigo tinha vontade de sair correndo ou fazer cócegas nela até que o sorriso que ele tanto admirava voltasse a surgir de seus lábios rosados. Vê-la séria sempre apertava um pouco o peito dele.
-Cevar um chimarrão é importante, Rodrigo! - um dia ela reclamara quando ele dissera que ela ficava séria demais nesses momentos.
Mas realmente, Rodrigo não poderia reclamar mesmo. O sorriso de Mariana voltava aos lábios assim que ela estendia a cuia e dizia
-Aceita um?
-Todos! - costumava responder Rodrigo.
Nessas horas dona Milena, mãe de Rodrigo, revirava os olhos e o pai de Rodrigo, seu Antônio gargalhava alto. Era sempre a gargalhada alta de Antônio, que fazia a casa da estância tremer, que obrigava os dois jovens voltarem a realidade e pararem de tanto mel.
-Bah, tu fica séria, mas fica bem bom esse mate! - disse Antônio.
Mariana sorriu como agradecimento. Um sorriso que vinha d'alma também.
Em pouco tempo dona Milena, contando com Mariana, finalizava o carreteiro. Seu Antônio, depois de dez mates que ainda considerava bem bons, saíra pra tratar de assuntos da estância e Rodrigo ficara com o coração na cozinha da estância e o corpo a cavalgar com o pai. Ele fingia que negociava, que concordava, que penchichava. Torcendo pra que quando chegasse em casa de novo, encontrasse Mariana fazendo qualquer outra coisa que não fosse chimarrão, para receber seu sorriso, logo na entrada.