quinta-feira, 19 de julho de 2012

Despedindo-se


E aquele beijo tinha o gosto salgado das lágrimas e da despedida. Foi demorado, se contado no relógio, mas se perguntar ao casal não durou nem um minuto. Um momento que eles levariam para sempre. Os corações apertados, o nó na garganta, as lágrimas que escorriam sem controle pelos olhos, embaçando a visão, borrando a maquiagem.
Alana iria embora. Dois anos. “Passam rápido” diziam os amigos. “Sentirei sua falta” declarou Pietro. “Temos a internet” chorou Alana, antes de abraça-lo mais uma vez. Ela o apertou tanto que seus ossos doeram e suas mãos arderam. E então ela saiu. Seguiu seu caminho. Sem olhar pra trás, sem olhar quem ela havia deixado, parado e sozinho. Ele ficará bem, ela suspirou sozinha.
Eu ficarei bem.
 Nós ficaremos bem.

sábado, 14 de julho de 2012

Alice e o Doctor


 Aviso: Se você não é um whovian, se você não assiste Doctor Who, provavelmente ficará muito perdido no texto abaixo. Porém, se mesmo assim decidir lê-lo, espero que aprecie. E espero que vá ver Doctor Who o quanto antes.

Já passava da meia noite quando Alice fora até a cozinha, preparar um chá e comer biscoitos, antes de finalmente, deitar-se. Limpou a mesa, a xícara, o prato. Organizou tudo em seus devidos lugares.  Porém, ao colocar a mão sobre o interruptor de luz, seu coração disparou. Alice ouviu um som muito familiar. Algo que sempre ouvia em seus sonhos. Correu para a janela sorrindo.
Lá estava ela. Azul. Maior por dentro. E ao seu lado um homem. Terno marrom. Sobretudo da mesma cor. Sorrindo. O queixo de Alice caiu, seu coração disparou e suas mãos suaram.
-Doctor- sussurrou, parada em frente à janela. Estranhamente toda a alegria que sentia a estava paralisando. Ela não conseguia dar um passo adiante. Embora sua vontade fosse sair dançando pela cozinha, pela casa e  ir correndo até ele.
Ele acenou e seu sorriso pareceu crescer um pouco. Alice gesticulou para que entrasse.
-Por favor- sussurrou, e seu hálito embaçou o vidro da janela- Ah, droga- resmungou enquanto passava a manga do robe, roxo, pela vidraça, dissipando o que atrapalhava sua visão.
O sorriso de Alice sumiu ao olhar através da janela, agora limpa. O Doctor não estava mais lá. Nem ele, nem sua TARDIS. Ele fora embora tão rápido quanto chegara. Ele estava apenas de passagem. Sua missão era mostrar para Alice que são sonhos não eram invenção. Que ele existe. E que está por aí, pelo Tempo e Espaço. Protegendo o Universo e deixando tudo em ordem.

Aos whovians: Sim, é o "décimo" Doctor!
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O Doctor não é um personagem criado por mim e seus direitos autorais são da BBC. Agora, a Alice é toda minha. Até onde eu sei, nenhuma companion teve esse nome ou foi como ela. Enfim, chega de avisos, coisa chata.

terça-feira, 10 de julho de 2012

A última dança

Dizem que seu nome é Cassandra. Ela sempre vem ao bar, toda quinta-feira, dia da dança de salão. Cachos semi presos, lábios e unhas vermelhas. Delineador sobre os olhos.
Durante toda noite, rodopia e ri, com muitos pares diferentes. Mas sempre acaba a noite com o mesmo homem. Sempre com ele. Sempre a última música. Sempre a última dança.
Enquanto o baile acontece, nem por um instante ela cruza seu olhar felino com o do rapaz. E ele a observa de longe.
Ao sinal da última música, porém, Cassandra aproxima-se lentamente do jovem. Com um imenso sorriso. Maior do que foi dedicado aos outros no salão. Ele também ri (pela primeira vez na noite) e beija a testa da jovem. Então começam a riscar o salão e encantar quem estiver por perto.
 Cassandra dança bem, todos sabem. Mas ao lado daquele cavalheiro ela parece flutuar. Sempre assim. Sempre com ele. Sempre na última música. Sempre a última dança.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mas então...


Lembro de todas aquelas pessoas, correndo e rindo. E eu preocupada com você. Será que tinha me passado despercebido? Eu não te vira na multidão? Impossível, seus olhos sempre me puxam até você.  Foram alguns segundos de agonia então você apareceu. Rindo. Vestindo o terno azul habitual. Tão lindo, pensei comigo mesma, porém não houve tempo de dizer, segurei sua mão e começamos a correr juntos. Você se lembra?
Nossas mãos unidas, mesmo sendo mais prudente mantê-las separadas. Foi bom, não foi? Eu ainda ouço o som da tua risada.
Mas aí você sumiu. Eu mudei de assunto. De lugar. De contexto.
Então eu acordei. Que bobagem a minha, era tudo um sonho.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Rara e cor-de-rosa


Delicada, porém não frágil. Ela é forte, acredite, apesar dos braços finos. O sorriso, sempre largo, convida todos a se aproximarem, os olhos brilhantes são a prova de ela faz o que gosta e sabe viver. Nunca se ouviu falar de alguém que não apreciasse sua companhia.
Amável, apaixonante e apaixonada. Cor de rosa. Iluminada, prestativa. Ela te ajuda, acredite, ela quer o seu bem.  Ela anda com livros na bolsa, mas não esquece seu notbook. Quer acha-la? Vá até uma rede social, porém não pense que ela está sempre por ali, porque, como já disse, ela sabe viver como poucas pessoas. Vai ver é por isso que é rodeada de amigos, boas companhias...
Porque ela é assim, entende? Uma boa amiga, uma boa companhia. Se você a conhece você me entende, se ainda não teve esta oportunidade, não sabe o que está perdendo, amado leitor.
Ela é rara, ela é minha amiga, e vocês não sabem a sorte que tenho por conta disso.

Apenas um detalhe


Irritante como uma peça de quebra cabeça faltando.  Incomodo.  Porque seria perfeito, seria lindo, mas falta essa pecinha, esse detalhe, pra tudo se encaixar. Essa sensação de tão pouco, de faltar quase nada, mas mesmo assim nunca se alcançar o resultado final. Porque a peça continua fora do lugar, perdida.
Parece aqueles sonhos que você tenta correr, mas não consegue, como se suas pernas falhassem ou não te obedecessem. Mas esta peça faltando é mais irritante que isso. É mais incomoda, porque você vê que daria certo, é uma visão quase completa do que seria. Mas não há jeito de se completar, porque falta esse detalhe estupidamente pequeno.
Só espero que ele não fique sumido por tanto tempo, que a peça venha logo para completar o que falta e tudo ficar nos seus devidos lugares.

Cotidiano


Madame Elise escovava tranquilamente os cabelos em frente a penteadeira. Perguntando-se como eles ficariam mais bonitos.
-Presos em um coque ou soltos, James?- perguntou, arqueando a sobrancelha.
O mordomo que esticava o vestido rosa de seda de madame Elise sobre a cama olhou para ela. Parando temporariamente sua tarefa.
-A senhora é linda de qualquer maneira, madame- respondeu sinceramente.
-Obrigada, James. É exatamente para levantar o meu ego que te pago. E sua cesta de Natal será melhor e maior este ano- respondeu ela sorrindo, olhando para ele através do espelho.
James riu.
-Mais alguma coisa?- perguntou, enquanto alisava, pela última vez, a saia do vestido de madame Elise.
-Ah sim- lembrou-se madame Elise- Faça a barba.
James segurou-se para não engasgar e desatar a rir, em seguida.
-Sim, o mais rápido que puder. Até logo, madame Elise.
-Até mais, James- ela sorriu e o mordomo fechou a porta.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Bom dia, Elaine


O vento norte soprava sem piedade, batendo portas e janelas, enquanto Elaine espreguiçava-se na cama. A janela de seu quarto permanecia aberta e ela admirava as cortinas brancas dançarem em um ritmo maluco, enquanto pensava o que tinha para fazer naquela manhã.
Virou-se para o lado e ligou o aparelho de som no último volume, fazendo o quarto, antes vazio e silencioso, encher-se de vida. Elaine levantou-se dançando, ao ritmo da voz rouca de seu cantor preferido.  Enquanto ela dançava, de pijama e olhos fechados, um sorriso enorme formava-se em seu rosto. Seus lábios vermelhos mexiam-se graciosamente, enquanto cantava, esquecendo-se de tudo ao seu redor.
Durante aqueles 4 minutos e 33 segundos de música nada mais importava, a não ser cantar a letra da melodia corretamente e não escorregar e dar de cara no chão, levando-se em consideração, que ela Elaine estava de meias vermelhas (e escorregadias).
Então a música acabou e ela abriu os olhos, lentamente. O vento lá fora havia parado e o Sol brilhava com mais força do que antes.
Agora sim, ela poderia começar seu dia devidamente.


Dica: leia este post ao som de Little Girl - Julian Casablancas. Ou qualquer outra que te faça muito feliz.