domingo, 18 de dezembro de 2011

tic tac

Silêncio na casa. Não completo apenas parcial. Ela escuta a respiração dos outros que já adormeceram e os ponteiros do relógio. Se ela se concentrar ouvirá as batidas de seu coração e o sangue pulsando em suas veias. Mas não era isso que ela gostaria de estar ouvindo.
Ela queria o som da respiração dele, o compasso do coração dele, a voz dele, a gargalhada dele. Ah, só de lembrar-se dele rindo ela sorria feito uma boba. Era um dos seus sons prediletos no mundo todo. Se lhe perguntassem ela responderia: era a companhia dele que era desejava agora. Mas ninguém perguntou ninguém se interessou. Então ela continuou ali, ouvindo as batidas do relógio.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Livremente inspirado em...

“Acordamos em um hotel barato e sujo e para nossa surpresa, com tatuagens iguais.” (ANTUNES, Gabriel. 2011 p. 3)

Alison sentiu um gosto estranho na boca e sua cabeça parecia pesar cem vezes mais do que o normal. Ela abriu os olhos lentamente e a primeira coisa que viu foi um teto marrom, com a tinta descascada e um ventilador de teto que girava com dificuldade e parecia prestes a despencar do teto. Sentou na cama com dificuldade e olhou ao redor. Aquilo com certeza era um quarto de hotel com qualidade muito suspeita. Como ela foi parar lá?Alison ouviu um som familiar, o farfalhar de lençóis e respiração. Mas nenhum deles fora produzido por ela. Ela olhou para o lado e sorriu. Era George que estava deitado ao seu lado. Enquanto a garota massageava a testa lembranças da noite anterior surgiram em sua mente. Música, bebidas, um vestido branco largo demais... Alison então percebeu, eles haviam casado! George e ela estavam casados! A garota tirou rapidamente a mão esquerda da testa e a observou. Sim, ali estava uma aliança dourada. Alison sorriu. “Muito bem, agora você é uma senhora casada” pensou ela rindo, enquanto George esticava o braço e o repousava em cima de seu colo. Ela olhou para o braço do agora marido e desatou a rir. Nele estava tatuado um coração mal feito com os dizeres “LOVE FOREVER” no centro. De repente Alison parou de rir e franziu a testa. Um instante... Aquela tatuagem não existia até a noite anterior.

-Ah não – gemeu ela sem coragem de olhar o próprio braço.

Lentamente Alison virou-se para ele, sem coragem de movê-lo um centímetro. Sim! Ela também havia feito uma tatuagem. O mesmo coração desenhado de forma peculiar e a mesma frase estavam presentes em seu braço. Alison suspirou e deu de ombros. O que ela podia fazer agora? O jeito era não convidar mais nenhum tatuador amador para seu padrinho de casamento.

Inspirado no conto de Gabriel Antunes.