quarta-feira, 30 de julho de 2014

Simplicidade

Chuva. Chiar de relógios. De chaleiras. Chá. Silêncio. Ela e um livro.
Tudo bem. Tudo em paz.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Sol

Quando a chuva for embora, eu chego. Chego pra ti ver. Chego pra ficar perto de ti e te aquecer. Mas quem é meu Sol é tu. Quem me ilumina é tu. E logo, logo vou poder sentir teu calor bem de perto, meu amor. Vou poder te sentir. Tua luz, tua alegria, tua vibração e teu amor.
Até breve, meu querido. Guarda o guarda-chuva e me aguarda.
Serei aquela moça sorrindo, logo ali. Te esperando.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Boa

Coisa boa isso da saudade. De dar uma abraço e ela desmanchar.
Coisa boa desmanchar saudade no teu abraço.
Coisa boa você.
Coisa boa nós.
Coisas boas.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Acordo

-Saudade.
-Saudade também.
-Amanhã a gente resolve.
-Tá.
-Ok.
Combinado, disseram juntos. E juntos viveram.
Toda a vida.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Presente

-Te trouxe flores.
-Te trouxe amor.
-Ei, eu te trouxe amor também.
-Não vale repetir presente.
-Azar o teu.
-Azar nada, ganhei flores e o teu amor.
-Mas tu disse que não vale repetir presente.
-Nah, bobagem. Mudei de ideia. Presentes desses não se nega.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Calmaria

Enquanto a chuva castigava as janelas ela lia enrolada nas cobertas. O gato encostara a cabeça nos pés cobertos de coberta e meia. E ela estava toda coberta. De calmaria, harmonia e mansidão.
E a chuva lá fora dava o tom e a trilha da paz.
Dela e do mundo inteiro.

terça-feira, 22 de julho de 2014

À prova d'água

Ela leu no rótulo "à prova d'água". Sorriu sem forças. Pelo menos assim não veriam o caminho que as lágrimas queriam deixar em suas bochechas.
Guardou o rímel. Fechou a bolsa. Deitou na cama. Fechou os olhos. Dormiu.
Não lembrou do que sonhou.
Ninguém se importou.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Proposta

Ontem era uma rosa só. Hoje é um buquê. Amanhã te planto um canteiro. Um jardim inteiro de rosas. Na frente da nossa casa. De portas azuis.
Que tal?
Aceita?
Aguardo retorno. Enquanto isso, que tal uma xícara de café?

domingo, 20 de julho de 2014

Sorriso de alma

Quando Valentina chegou em casa um pequeno bilhete estava a sua espera. Amarelo e com uma rosa ao seu lado. Nele, escrito em preto e com letra pequena e apressada

Eu te amo, obrigada por tudo. 
Até.

Valentina guardou o bilhete no bolso esquerdo. Perto do peito e do coração.
De resto, pode-se dizer que foi dormir sorrindo. De sorriso que preenche tudo. Até a alma.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Até sempre

Dormi sem você e acordei contigo. Coisa boa sonhar com você. Coisa boa saber que depois do sonho vem a realidade e que logo vou te ver.
Logo.
Até logo.
Sempre.
Até sempre.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Conversa

-Boa noite.
-Boa noite.
-Sonha comigo.
-Prefiro acordar contigo.
-Ah, pode ser também.
-Pelos próximos anos?
-Pode ser pelas próximas décadas.
-Então casa comigo?
-Caso.
-Legal.
-Legal.
Casaram.Viveram.Felizes.Pra sempre.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Melhor

E um pouco antes de dormir lembro do teu beijo de café. Do teu abraço. De ti. E sorrio. Só tua lembrança me enche o peito de alegria e quentura. Tu é meu café. Tu é meu bem.
Tu é tu. E isso é melhor do que qualquer coisa. Até do que o melhor café.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Velhos hábitos

Tudo tinha cheiro de novo e recém pintado, comprado, lavado. Tudo recente e com o Sol entrando de cantinho para iluminar e trazer boas novas. Por todos os lados, eles. Os livros. Lindos. Pedindo para serem levados para casa. Cada um contando uma história diferente. Falando de um mundo novo ou velho. Chamando pelos leitores. Chamando por quem ali entrasse.
Tudo ali, naquela livraria era novo, tudo era recente, para alimentar uma paixão antiga. A da leitura. Para passar adiante uma arte, a literatura. E um hábito. Viajar pelo mundo das letras. Que para muitos é mais que uma viagem, é uma forma de viver. E como a própria literatura. Uma arte.

domingo, 13 de julho de 2014

Em breve

Segurando um copo de leite nas mãos, Rodrigo esperava Mariana. Mas não um copo de leite qualquer. Não um de tomar. Mas um de dar de presente para quem se gosta. Retirado dos canteiros de flores da Dona Milena, mãe de Rodrigo. Retirado com amor e carinho. Colido com nervosismo e ansiedade. Com saudade. Mas lá vinha Mariana. Ela logo chegaria. E logo teria em suas mãos o copo de leite florido. E o coração de Rodrigo também.

sábado, 12 de julho de 2014

Prrr

Chegou em casa e largou bolsa em um canto do sofá. Chave na mesa de centro e o corpo cansado no sofá florido. Quando quase adormecia sentiu uns pesinhos percorrerem seu corpo, suas pernas e depois a barriga. E aí um som engraçado de motorzinho começou baixo e foi crescendo. Prrrrrrrrr!, fazia o gatinho para receber a dona.
-Olá, gracinha.
-Mio.
-Tudo certo por aqui?
-Miiio. Miiio. Miiiiiiiiiau!
-Ora, também senti tua falta.
E aí ela apertou o gato até ele gemer baixinho. Ela o soltou, assustada. Mas ele logo se aconchegou novamente na barriga da dona e começou a ronronar como se não houvesse amanhã.
E assim os dois ficaram. Dona e gato, matando a saudade um do outro. Humana e animal. Dois amigos. Dois companheiros. Para vida toda. Ou para sete delas.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Preparativos

Cheirinho de roupa limpa invadia a estância. Adentrava a casa e acertava em cheio Rodrigo. Em cheio porque aquele cheiro de lençóis limpos significava uma coisa. Visita. E naquelas épocas de frio e férias de inverno significava uma visita em especial. Mariana.
Mariana vinha e o cheiro de roupa de cama limpa significava que ela logo estaria ali com Rodrigo. A mãe do rapaz, Milena, só colocava os lençóis para lavar e secar pouco antes da moça chegar. E ela chegaria naquela tarde. E enquanto isso Rodrigo ia para o quarto de visitas, sentir cheiro de pitanga e amaciante. E esperar Mariana. Porque ela chegaria. Hoje ainda. E o coração de Rodrigo, se continuasse dentro do peito, saltaria ao vê-la. Ao ver a sua Mariana.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Boa notícia

Silêncio na estância. Na sala, só o crepitar do fogo e a respiração de Rodrigo. Meia hora depois, dona Milena, mãe do rapaz, entra fazendo toc toc no chão de madeira.
-Boa noite, meu guri. Não fica muito tarde acordado. Depois te resfria, encaranga e aí já viu, eu que cuido, né?
Rodrigo riu para mãe.
-Pode deixar Dona Milena, me cuido e durmo cedo.
Então os olhos negros do rapaz voltaram-se para algo que chamou sua atenção. Naquela iluminação tênue da lareira um papel branco se destacava nas mãos meio calejadas do trabalho de Milena.
-Que isso, mãe?
Ela sorriu. Um sorriso de iluminar sala, cozinha, quarto e casa inteira.
-É uma carta, meu filho. Um bilhete, na verdade.
-Pra mim?
-Uhum.
-De quem? -Mariana - respondeu a mãe.
Rodrigo agarrou a carta com toda a vontade que lhe invadiu o peito. Quase com força. Mas ainda assim, delicado. Pois era de Mariana. E coisas vindas dela devem ser tratadas como ela. Com delicadeza.
Sorridente, a mãe deixou o recinto. Deixando o filho apreciar o cheiro e o sabor das palavras da amada.Em poucas linhas, Mariana alegrou o resto da noite de Rodrigo e quase o deixou sem dormir, de pura ansiedade. Sucinta, ela disse.

Ô Rodrigo, prepara as berga e o mate que eu tô chegando amanhã. Férias de inverno, né? Achou que eu tinha te esquecido, guri? Até breve. Cuida com o minuano.
Da tua, sempre tua
Mariana. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Sem deixar de ser

Se Valentina tivesse um diário, um desejo que há muito ela desistiu de tentar realizar, ele estaria repleto de detalhes e fofuras. Valentina gosta de detalhes e de fofuras. Os escreveria todos ali. Para ficarem para sempre registrados. Porque além de gostar de detalhes e de fofuras, Valentina também gosta de lembrar. O problema de Valentina, além da boa memória, que ás vezes pode ser um problema, é que ela não gosta muito de falar sobre si. Esta, na verdade, é a causa do fracasso do pobre diário que sempre nascia para desfalecer nas próximas páginas.
Valentina gosta de detalhes, de fofuras e de recordações. Valentina tem boa memória e na maioria do tempo ama isso. Valentina gosta de ser Valentina, aliás. Só não gosta de falar desse "ser" Valentina. Melhor, ela não sabe falar de como é ser Valentina.
Então, ela vai e cria um outro nome. Vira Lúcia, Andrea, Mariana. Se vira e desvira. Daí ela conta, fala, sabe o que dizer. Ás vezes mente, ah, vá lá, é ficção, afinal. Nem sempre é ela. Mas o bom é que quando é, nem todo mundo percebe. E assim ela se abre, se alastra. Pra não morrer sufocada nela mesma.
Para poder ser Lúcia, Andrea, Mariana, sem deixar de ser ela mesma. Sem deixar de ser Valentina.

domingo, 6 de julho de 2014

Nuvens

Todo o aguaceiro da semana fez Rodrigo sentir saudade de Mariana. Do cabelo, do sorriso, de toda a Mariana. De toda aquela moça.
"Eu venho logo" prometeu ela para Rodrigo. E desde então essas palavras são a luz do Sol do rapaz. Para assim, fazer escapar, do céu de Rodrigo, as nuvens carregas de saudade. De saudade de Mariana.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Porque sim e ponto

Café, pinhão, chocolate, fogo na lareira, gatinho ronronante, tricô, vinho, cobertor. Você. Não há outro motivo para estas palavras estarem juntas a não ser listar as coisas que me agradam no inverno. A melhor de todas deixei sozinha. Entre pontos. Porque é especial. Porque é a que mais me fascina. Agrada. Ilumina. Porque é você. E porque é pra todas as estações. Porque é de inverno, verão, primavera e outono. Porque é pra vida. Porque é e sempre será você.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Ode à bergamota

Comeu as bergamotas escondido. Saboreou uma, duas, três. Deu umas bicadas em mais algumas. Preferia as debaixo, mas, se quisesse, alcançava as bergamotas de cima com facilidade. Adorava bergamota. Adorava fruta. Só tinha esse problema de não pedir permissão aos donos do pomar para provas as delícias.
Ia sempre escondido. Sempre na manha. Sempre sem fazer barulho. E sempre conseguia as melhores frutas, as mais saborosas. E depois, no fim do lanche, voava pra longe dali. Pra outro pomar. Pra outra cidade.
Voava tranquilo o passarinho. Com seu pequeno estômago cheinho.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Tratamento

E pra curar essa gripe, teu abraço já basta. Pra me fazer sentir melhor tua companhia já é o suficiente. Tu é o remédio pra minha gripe, falta de vontade, é remédio pra minha vida.
Tu é remédio e solução. Meu remédio e minha solução.
Sem precisar de receita, sem contra indicação, sem precisar ler letra miúda de bula. Sem moderação. Com uso 24h. Sem preocupação. Com gripe ou sem. Com amor, com certeza. Sempre e sem indicação para fim de tratamento. Com sintomas persistentes de afeto, amor e carinho. E fim. E nenhum médico vai dizer que é ruim. Pro pâncreas ou pro rim.
E que fique sempre assim.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Nas próximas

Tô com saudade e cansaço. Cansaço desse trabalho maluco e saudade de ti. Como já passa da meia noite o que eu posso fazer, por enquanto, é reclamar de saudade e ajeitar um canto pra dormir sozinha. Matar meu cansaço sem matar saudade e sem enterrar meu rosto no teu travesseiro. No teu peito.
Durmo essa noite pensando em ti. Pra acordar com um sorriso no rosto.
Na próxima durmo perto de ti. E já fecho os olhos sorrindo. Pra acordar, no outro dia e pra sempre, radiante.