sábado, 31 de maio de 2014

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Alto e forte

E mais alto que meus pensamentos, a chuva no telhado. E mais forte que as batidas do meu coração, a saudade.
E mais alto e mais forte. Teu carinho. Teu nome.
Teu amor.
Meu amor.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Céu

Vi o céu azul, a calma, a brisa e dormi. Acordei com o céu que era azul transformado em negro. Negro com aqueles pontinhos de luz pipocando aqui e ali. Me levantei tremendo. Busquei um casaco de lã e uma coberta.
Voltei para a sacada, para debaixo do céu estrelado. Naquela noite eu dormiria ali. O céu estava muito bonito para ser dispensado. A noite muito bonita para ser deixada para trás.
Fiz das estrelas meu teto e da brisa minha casa. Dormi e sonhei que voava.
Acordei e me senti liberta.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Sete

Deixou o gatinho se enrolar nos seus pés e ronronar. O gatinho serviu de segunda meia, de segundo cobertor, de aquecedor de pés.
O gatinho serviu de aquecedor de coração.
O gatinhou ronronou a noite inteira.
Aqueceu-a a noite inteira.
O gatinho lhe protegeu do frio e da solidão a noite inteira.
Pela noite inteira. Pela vida inteira. Por sete vidas inteiras.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Fumaça

E da minha boca saia aquela fumaça do inverno. Aquela que a gente finge ser de cigarro quando é criança. Da minha boca saia essa fumaça que eu acho o charme do inverno. 
Da minha boca também sai outra coisa. Todo dia. Que eu não canso de dizer.
Da minha boca sai "Eu te amo". Sempre. Independente da fumaça. Da estação. Ou de onde está você.

domingo, 25 de maio de 2014

Nós e o inverno

E o frio chegava de mansinho. E a chuva no telhado sussurava desejos de bons sonhos. E a gente abraçados, bem juntinhos. E a paz do inverno. E os cobertores. E nós.
Nós nos cobertores. Nós e os cobertores.
Nós.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Lembrança

Rodrigo estava enrolado nas mantas que sua mãe, Milena, havia tricotado no inverno passado. O fogo na lareira crepitava empolgado com o frio que precisava combater. Pelego, o cusco da família, tava enrolado ao pé das chamas. Se fosse um gato, pensou Rodrigo, estaria ronronado.
Tudo tinha um silêncio e uma paz que chegava a se ouvir pensamento e respiração. De repente um tilintar. Um som tecnológico que rompeu a calmaria da tardinha na estância. Rodrigo tirou o celular do bolso. Segurou em frente aos olhos e sorriu. Era Mariana. Uma mensagem da moça de cabelos escuros e de sorriso doce.

Tava comendo bergamota e lembrei de ti. De ti e da estância. Como tá o Pelego? Manda beijo pra tia Milena e pro seu Antônio. Tô com saudades. Cuida com o minuano.

Mariana.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Do que nasce pra morrer

Movido a saudade e vontade de ti pego essa caneta e escrevo essas linhas. Sedento de te ver mais um pouquinho, de te ter mais um pouquinho coloco essa folha de papel em cima da minha escrivaninha. Eu te amo, sabia? E essas horas de distancia me fascinam e me furam o peito. A vontade de te querer perto é doce e salgada. É agridoce. Saudade tem esse amargo que adocica, esse doce que azeda.
Tenho saudades, Valentina. E tenho também essa sensação deliciosa de saber que saudade é algo que mato logo quando te vejo. Pra criar de novo, toda vez que te digo "até logo". E toda vez que te digo "até logo" a saudade vem, mas logo passa.
Nasce pra logo morrer. Pra nascer de novo e pra eu poder matar.
Matar essa saudade no teu abraço, Valentina.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Tão boa quanto

Dormiu sozinha e sonhou com ele. Com seu sorriso. Com a boca. A mão. A pele. Dormiu sozinha e acordou acompanhada daquela lembrança boa e doce. Tão doce como um sonho.
Tão boa quanto a realidade.

domingo, 18 de maio de 2014

Juntos

Lembro da primeira vez que segurei tua mão. Do meu coração quase saindo pra fora do peito. Fiquei com medo que tu pudesse ouvi-lo bater. Tu ouviu? Nunca cheguei a te perguntar isso. Ouviu?
Mas não tem importância, porque agora tu sempre pode ouvir meu coração bater, bem de pertinho. Pode sentir minha respiração. Bem juntinho. Sempre que quiser, sem precisar pedir. Só desejar.
E eu já segurei tua mão vezes sem conta depois daquele dia. Andei do teu lado em inúmeros dias desde então. Ainda bem.
E que estes dias continuem. Assim.
Amém.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Alma lavada

Ela não queria ter saído na chuva. Saiu rápida e chateada porque não queria saber de chuva.
Quando os pingos gelados começaram a cair sobre a pele e molhar os cachos da menina, ela riu. Sorriu. E depois gargalhou com a chuva que lhe fazia cócegas por todo o corpo.
Sorrindo, Valentina voltou para casa. De roupa, bota e cabelo molhados. De alma lavada.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Coberta

Alice acordou por volta das 5h da manhã. Esfregou os olhos e tirou a coberta vermelha que lhe cobria as pernas. Coberta vermelha? Mas ela pegara no sono no sofá, durante o Jô Soares. Quem a cobrira? A resposta estava no chão, perto das pantufas da moça. Um bilhete. Meio amassado. Amarelo. Dizia:

Tu tava uma gracinha dormindo, não quis te chamar. Te tapei de coberta vermelha e de uns beijos e carinhos enquanto tu cochilava. Quando acordar corre aqui pra cama. 
Esperando que tu acorde logo, 
Pedro.

Alice correu logo para a cama, como lhe foi pedido. O resto. Não cabe a mim contar.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Decisão

Café. O gato e a coberta. E o frio. E puxar meias. E pegar outra coberta. E dormir. E sonhar. E acordar e o dia fresquinho. E a vontade de ficar na cama. Pensar bem. Não ficar na cama. Levantar.
E o dia. Todo ele. Valer a pena.