sábado, 30 de junho de 2012

Como os gatos


Gatos. Ela gosta deles e eles a adoram. Os dois tem olhares parecidos. Ela e os gatos. Misteriosos, interessantes, compenetrados.
Ela, como os felinos, não é fácil de conquistar. Você não ganha a confiança dela com facilidade, você deve merecê-la. Mas aqui fica o aviso: quando a recebe é para sempre. Sua fidelidade e amizade são imensas e inabaláveis. Ela é legal, te apoia sempre, porém é sincera. Ela não ficará de “nhenhenhe” quando você lhe pedir um conselho. Ela falara exatamente o que sente, o que acha certo. Mas não se assuste, ela faz isso para o seu bem, porque se importa com você. Sem ilusões, trazendo sempre a verdade para a luz. Querendo que você cresça e evolua, junto com ela.
Então, abrace os momentos que você passar ao seu lado e lembre-se: quando precisar de um ombro amigo sincero e adorável, a procure. Você não errará.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Irritantemente especial


Loira. Ruiva. O mistério começa no tom de seus cabelos. E se estende. Nunca se sabe exatamente o que se passa em sua mente. Só quem realmente conhece seus olhos claros pode ter certeza do que está acontecendo, no que ela está pensando.
Ela ama. Ama muito, ama demais, com muita força. Ama amigos, amores, coisas, comidas. Com vontade, com vontade de viver. E esses amores grandes trazem o ciúmes com eles. Não deveria, ela sabe, ser assim. Mas ela é. Apesar deste traço de sua personalidade, ela é bem quista pelos que a rodeiam. Ela fica insegura, sabe? Ás vezes não tem certeza sobre o que os outros sentem ao seu respeito, mas mal sabe ela que é muito adorada. É provocada, incomodada, mas é amada também.
Ela cutuca, aperta, belisca, mas é o jeito meio atravessado dela. Não se irrite, isso é amor, isso é ela demostrando o quanto te quer bem. Aceite. Ela é assim. Irritante assim, adorável assim. Sorte de quem a tem por perto. Irritantemente especial.

O cara do bar


Lembro que entrei no bar sem graça da esquina, encharcada pela chuva. Joguei meu casaco molhado e meu guarda-chuva em uma cadeira e me sentei ao lado de meus pertences. Suspirei. Estava entediada. Totalmente, completamente, inacreditavelmente entediada.
Então virei minha cabeça em direção ao enorme balcão, de madeira escura, em frente ao qual algumas pessoas estavam sentadas. Uma loira, um ruivo, um loiro, uma ruiva e... Um moreno! Alto, esguio... Diferente, definitivamente diferente. Fiquei o analisando, quando virou seu rosto e permaneceu de perfil. Ele tinha um olhar de quem observava cada detalhe de tudo, um olhar um pouco arrogante. Mas definitivamente seus olhos eram bonitos, grandes e verdes. E bonitos. Era incrível como, na distancia em que me encontrava, eu podia ver tão claramente a cor deles.
Quando percebeu que eu o olhava, minhas bochechas queimaram, porém ele não mostrou constrangimento e sorriu. E aquele sorriso combinava perfeitamente com seus olhos arrogantemente lindos. Era possível perceber que ele não revelava tudo nas suas expressões, só o suficiente para deixar quem o observava morrendo de curiosidade. E isso havia funcionado comigo. Eu estava curiosa para saber mais daquele cara misterioso... Então me ergui e caminhei em sua direção.
E o resto da história é só minha, caro leitor, mas você deve conseguir imaginar o que veio em seguida.

sábado, 16 de junho de 2012

Na linha do horizonte


O Sol começava a se por quando Justine finalmente chegou ao penhasco. Lá embaixo as ondas batiam com violência nas pedras. Isso, porém, não tirava o encanto daquele mar escuro. Tão escuro quanto os olhos cheios de saudades de Justine.
Ela suspirou e enquanto pousava a mão no peito, olhou para o horizonte. Procurando alguém que não tinha certeza se encontraria. Porque nem sempre achamos o que desejamos no horizonte.
Charles sumira há dez anos. A nunca prova de que ele existira e tudo não passara de um sonho era a carta amarelada que Justine trazia consigo.
“Justine,
Acho que você só entenderá isso em alguns anos, mas preciso ir. Apenas não fique brava comigo. Entenda. E me espere, eu voltarei. Você consegue? Me esperar um pouco? Tentarei ser o mais breve possível. Logo voltarei para você
Com amor,
Charles.”
Ela já conhecia cada palavra que Charles colocara na carta, cada linha, tudo estava em sua mente. Tudo decorado. Com o passar dos anos ao invés de esquecê-la parecia que as letras se intensificavam. E as lembranças também.
Ao tirar os olhos do velho papel, Justine os pousou no horizonte. O que era aquela sombra? Mais um navio qualquer? De repente o coração de Justine pareceu sair do compasso normal e suas pernas quase se esqueceram de como se manterem firmes.
-Charles?-ela sussurrou.
Alguém, um homem, parecia acenar para ela, do convés da velha embarcação.
-Charles!- ela gritou, fazendo suas cordas vocais arderem. E o homem acenou de volta, com mais animo.
Ás vezes não encontramos o que procuramos no horizonte. Porque não é a hora, porque não era o que deveríamos encontrar. Mas Justine soube procurar, soube continuar buscando. Demorou dez anos, mas sua busca tinha terminado. Justine finalmente tinha encontrado seu amor, na linha do horizonte.

Uma pequena (e peluda) lenda


Os enormes olhos azuis destacavam-se em contraste com o pelo marrom de Sallen. Em noites muito escuras, os habitantes da pequena vila só podiam ver os olhos do esguio gato vigiando a todos.
Sallen passava grande parte do seu tempo posicionado elegantemente sobre o muro de entrada da vila. Sempre esticado, sempre com o olhar fixo no horizonte. Um olhar bastante humano, diziam alguns. Mas por mais humano, que ás vezes, parecesse o olhar de Sallen, ele não dispensava um belo prato de ração transbordando. Os moradores da vila sempre traziam comidas para o bichano. Alguns, mais privilegiados, traziam até carne fresca. Havia uns garotos que caçavam passarinhos especialmente para ele.
Alguns diziam que a função do gato era proteger a vila. Outros diziam que apenas gostavam dele. Outros ainda, afirmavam com olhos espantados, que Sallen sempre esteve ali e sempre estará.
Se é um gato eterno protetor da vila ou um bichano simpático com olhos brilhantes eu não sei dizer, caro leitor, mas que Sallen é um pequeno e peludo mistério que intriga a todos, ah, isso pode ter certeza.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Conheça o James

James tem um nariz grande, olhos sonolentos e esnobes e um bom coração. Suas luvas estão sempre impecavelmente brancas, o que, ás vezes, pode ser assustador. Ele gosta de sua vida como mordomo. Quando não está entre as pratarias de madame Elise ou totalmente entediado, James compõe belas canções no sofisticado piano de calda da sala de estar da casa de sua patroa ( a já mencionada madame Elise). Que estima muito a companhia de James e pode-se dizer que o trata como alguém da família.
"Alguém da família que tira o pó?" perguntaram, maldosamente, para madame Elise, certa vez. Porém madame Elise, como era de se esperar, não se abalou nem um centímetro. Suas marcas de expressão desenharam um singelo sorriso e ela respondeu "Alguém precisa retirá-lo, certo?" . James não significava menos por ter esta tarefa em mãos. E o mordomo sabia disso. Madame Elise sabia disso. E para os dois, era o que bastava.

domingo, 10 de junho de 2012

Favorito


Quando você me convidou para sair. Quando você me deu a mão e saímos correndo você era meu favorito. Não havia dúvidas. Mas então, você mudou. Não muito. Não para pior. Você apenas... Mudou. E no começou eu fiquei com medo, receosa. Porque você já era meu preferido antes. Poderia ser novamente? Ou “mais preferido” ? Isso era possível?
Bom, em pouco tempo eu descobri que sim! Sim, era possível. Quando você  veio me receber, quando cheguei daquela longa viagem, lembra? Você veio sorrindo, diferente, mas não tanto. E eu senti aquele calor no peito, o mesmo de sempre, quando te vi. E precisei parodiar o seu sorriso. Mas acho que o meu estava um pouco mais tímido que o seu. Talvez restasse um pouco de dúvidas em mim.
Então você chegou tão perto que eu podia sentir sua respiração no meu rosto. E aí você me beijou. Uma, duas, várias vezes. Beijos curtos e cheios de ternura. Permeados por risos. Meus risos de alívio. Nossos risos...  De reencontro.