Depois de toda aquela agonia, depois de um peso e de uma dor de cabeça. Depois de eu já nem saber mais o que fazer, tu veio. Eu já não aguentava mais e pedia por você o tempo todo.
Depois de muito aguardo, de quase não aguentar mais de tanta falta. Depois de tempos, tu veio como prometido.
Depois de muito tempo então choveu.
sexta-feira, 26 de maio de 2017
domingo, 21 de maio de 2017
Silêncio composto
-Mariana, vem que o mate tá pronto! - gritou Dona Milena, puxando o xale mais pra perto do pescoço. O frio tava daqueles de renguear cusco e ao pegar a térmica do chimarrão o xale preto de bordados coloridos quis escorregar dos ombros da dona da estância.
-Pronto! - disse Mariana entrando correndo na cozinha. As bochechas estavam vermelhas por causa de três coisas distintas. Uma era pela correria de não deixar Dona Milena esperando. A segunda era o frio que cortava a pele clarinha da guria. A terceira tinha a ver com Rodrigo. Mas Mariana preferia não pensar no caso.
-Onde tu estava guria?
-Perto dos cavalos.
Dona Milena sorriu.
-Viu meu filho?
-Rodrigo?
-Foi o único que eu pari, Mariana.
-Ah, sim. Tava lá também. Disse que já vem, vai ficar mais um pouco com o Baio.
Se abancou um silêncio leve que durou umas três cuias de chimarrão. Foi então que entraram os dois ao mesmo tempo. Pai e filho. Antônio e Rodrigo.
-Tá, mas que silêncio estranho! - disse Antônio com aquela voz de trovão.
Mariana sorriu, sempre parecia que até as coisas respeitavam a chegada de Antônio. No primeiro "bom dia" de Antônio o chão de madeira sempre tremia em respeito.
-Que estranho nada, Antônio - replicou Dona Milena- a gente tava naquele silêncio bom do chimarrão.
Era verdade, pensou Mariana. Mas é que ela também estava lembrando doutras coisas. Seu silêncio era composto de lembranças, diferente do silêncio de Dona Milena. Olhou para Rodrigo que estava distraído mexendo nas panelas pra descobrir o que ia ter de janta. Pelego se enroscou nos pés do dono que se abaixou para acariciar as orelhas do cusco. Mariana achou que o silêncio de Rodrigo também era composto de lembranças, mas não pode ter certeza.
Antônio que não era dado à silêncios começou a contar histórias da lida do dia. Dona Milena começou a rir do jeitão do esposo. Quando percebeu-se Mariana estava também a contar histórias e a rir alto. Depois de algum tempo, ao olhar para o lado percebeu também Rodrigo que a observava e aí teve certeza. Antes, o silêncio de Rodrigo também era composto de lembranças
-Pronto! - disse Mariana entrando correndo na cozinha. As bochechas estavam vermelhas por causa de três coisas distintas. Uma era pela correria de não deixar Dona Milena esperando. A segunda era o frio que cortava a pele clarinha da guria. A terceira tinha a ver com Rodrigo. Mas Mariana preferia não pensar no caso.
-Onde tu estava guria?
-Perto dos cavalos.
Dona Milena sorriu.
-Viu meu filho?
-Rodrigo?
-Foi o único que eu pari, Mariana.
-Ah, sim. Tava lá também. Disse que já vem, vai ficar mais um pouco com o Baio.
Se abancou um silêncio leve que durou umas três cuias de chimarrão. Foi então que entraram os dois ao mesmo tempo. Pai e filho. Antônio e Rodrigo.
-Tá, mas que silêncio estranho! - disse Antônio com aquela voz de trovão.
Mariana sorriu, sempre parecia que até as coisas respeitavam a chegada de Antônio. No primeiro "bom dia" de Antônio o chão de madeira sempre tremia em respeito.
-Que estranho nada, Antônio - replicou Dona Milena- a gente tava naquele silêncio bom do chimarrão.
Era verdade, pensou Mariana. Mas é que ela também estava lembrando doutras coisas. Seu silêncio era composto de lembranças, diferente do silêncio de Dona Milena. Olhou para Rodrigo que estava distraído mexendo nas panelas pra descobrir o que ia ter de janta. Pelego se enroscou nos pés do dono que se abaixou para acariciar as orelhas do cusco. Mariana achou que o silêncio de Rodrigo também era composto de lembranças, mas não pode ter certeza.
Antônio que não era dado à silêncios começou a contar histórias da lida do dia. Dona Milena começou a rir do jeitão do esposo. Quando percebeu-se Mariana estava também a contar histórias e a rir alto. Depois de algum tempo, ao olhar para o lado percebeu também Rodrigo que a observava e aí teve certeza. Antes, o silêncio de Rodrigo também era composto de lembranças
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