sábado, 19 de outubro de 2013

Doce vida

Os quatro primos (ou irmãos, dependendo a perspectiva) sentaram-se no sofá. Encheram a sala. Os pés sem tocar o chão balançavam tamanha era a expectativa.
Uma colher para cada um. Antônio pegou a de chocolate. Rodrigo a de merengue. Pedro ficou com a de creminho amarelo que ele amava tanto. E Sebastião com a que tinha uma mistura de Creme Amarelo Favorito de Pedro e chocolate.
Ajeitaram-se no sofá. Fiquem  bem acomodados se não vai fazer mal, aconselhou a vó. Obedeceram. Não se deve teimar com vós, ainda mais quando o assunto envolve rapa de doce.
Finalmente podiam comer. Provaram. Lambuzaram. Antônio ficou com chocolate na bochecha. Pedro e Rodrigo ficaram com os narizes sujos. Sebastião tinha algo na testa, na blusa, e ao redor dos lábios. A vó começou a se perguntar se Sebastião teria conseguido realmente comer alguma coisa.
Agora lavem as mãos, estão grudentas e o sofá é novo, disse a vó.
-Depois tem mais doce?- perguntou um deles. Era difícil saber qual, eram tão parecidos, e sujos como estavam só complicava a identificação.
-Vai sim
-Então por que lavar a mão?- perguntou outro
-Porque sim - devolveu a vó
-Tá! - responderam os quatro.
Porque não se deve teimar com vós. Afinal, elas sabem mais de doces (e da vida) do que nós, mortais.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Amasso

Finalmente a luz estava acesa e eu vi teu rosto. Te vi rindo, todo amassado. Cabelo, cara, camisa, calça. Amassado e lindo. Eu teria corrido pra te abraçar, mas tu, graças a Deus!, foi mais rápido e me pegou nos teu braços.
Que bom receber teu abraço amanhecido, assim, amassado, como teu cabelo, tua cara, tua camisa e tua calça.
Que bom amassar meu coração contra o teu.
Que pena precisar te soltar.
Mas, tudo bem, já que toda vez que te solto é pra ser puxada de volta por ti. Pra ti.
Pra poder amassar o meu coração contra o teu.