segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

De Alice para Pedro, com amor

Pedro encontrou Alice esparramada no sofá.  O cabelo cor de fogo preso em um rabo de cavalo desajeitado. Algumas labaredas vermelhas saindo rebeldes do penteado. Ela escrevia em um caderno.
-Olá-disse sem tirar os olhos do papel.
Pedro aproximou-se.
-Sai- disse ela, mais uma vez sem tirar os olhos das linhas que escrevia
Ele arregalou os olhos azuis.
- O que houve? Juro que aquele vaso já estava quebrado e...- Alice levantou o olhar e riu- Não foi o vaso, né?
-Não, estou escrevendo uma carta para você. E, como vê, não a terminei, muito menos a enviei, então: sai!
-Al, querida, eu moro aqui.
-Eu sei- ela escrevia mais rápido agora, os olhos escuros se estreitaram um pouco- Por isso vou mandá-la para cá.
Pedro balançou a cabeça rindo. Maluquinha essa minha Alice, pensou.
-Que esperta- disse.
-Que irônico- ela devolveu.
Silêncio. Alice sorriu e largou a caneta.
-Acabei.
-Agora posso ler- Pedro estendeu a mão e levou um tapa de advertência. Três listras vermelhas surgiram em sua pele.
-Não. Já disse, vou te mandar. Espere.
- E do que se trata a carta mesmo?
-Só posso adiantar o final.
-E o que diz o final?
"Eu te amo"- respondeu ela.
-Bem previsível.
-Bem verdade.

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