Nikolai bocejou. Charlotte bocejou. O detetive particular e
sua aprendiz não tinham nenhum caso desde... Bom, desde que começaram a
trabalhar juntos.
Charlotte começara a pagar para que Nikolai Petrova a
ensinasse as manhas de sua profissão. Porém, até agora, eles não tiveram nenhum
caso. Nada fora roubado, ninguém fora sequestrado ou morto. Inércia absoluta no
mundo do crime.
-Que cidade feliz e pacata, meu Deus, eu vou morrer de
tédio!- exclamou Charlotte jogada no sofá velho do escritório de Nikolai.
Como ela aprenderia alguma coisa sobre ser uma detetive se
nada, absolutamente e absurdamente nada, acontecia?
-Tirou as palavras da minha boca, garota- disse Nikolai carrancudo,
observando a cidade pacífica.
-Não me chame de “garota” como se fosse muito mais velho que
eu- reclamou a jovem.
-Desculpe... Garota- respondeu ele de forma jovial.
-Rá, rá.
Suspiros. Nikolai observou Charlotte. No final das contas,
ela era uma pessoa legal. Não era mimada
e esnobe, como ele pensara. Mas, tudo bem, até detetives erram.
-Quem sabe se a gente assaltasse um banco, ou sequestrasse a
filha do bancário ou...
-Se vê que é rica-interrompeu Nikolai- Só fala em bancos.
-Se vê que é pobre, só me escuta quando falo em bancos e
dinheiro- devolveu ela, ligeira.
- Argh. Se ninguém for assassinado nessa cidade, eu morrerei
de tédio- disse Nikolai e Charlotte concordou.
Então, os dois ouviram um tiro.
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