domingo, 6 de janeiro de 2013

Sobre sair do tédio

-Estou entediada- disse Anna.
Edgar encarou-a. Os olhos dele hoje estavam acinzentados. De puro tédio.
Os dois estavam esparramados no sofá, de frente para televisão. Desligada. O controle remoto sobre a mesa da cozinha. Inconsciente de sua alta relevância naquele instante.
-Ai, ai- suspirou Edgar, esperando que aquilo resumisse o quanto estava cansado de absolutamente nada.
-Talvez a gente morra de tédio- profetizou Anna.
-Ninguém morre de tédio, Anna- replicou Edgar.
-Talvez morram sim, mas elas estavam muito entediadas para avisar que seu fim estava próximo, então, ninguém ficou sabendo e constataram que foi de tristeza que morreu a pobre pessoa.
-Ok, Sherlock.  Boa dedução.
Anna esboçou um sorriso.
-Eu não quero morrer de tédio, Edgar, me ajude!- implorou ela jogando os braços para cima. Uma atitude de total desespero.
-Eu tenho uma ideia...
-Não.
-Mas...
-Não.
-Ok.
Silêncio.
-E se a gente ligasse para o Pedro? Soube que ele comprou um karaokê.
-Soube que a Alice não teve paz desde então.
Edgar bufou.
-Aposto que não estão entediados.
Anna estudou a ideia.
-Ok, vou me trocar.
Edgar sorriu. Um sorriso com um lado nas sombras do tédio e outro na ideia de encontrar com amigos que tem um karaokê. Uma perfeita oportunidade para se humilhar demonstrando a sua falta de talento vocal.
Perfeito! Adeus tédio, olá diversão!

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