sábado, 16 de junho de 2012

Na linha do horizonte


O Sol começava a se por quando Justine finalmente chegou ao penhasco. Lá embaixo as ondas batiam com violência nas pedras. Isso, porém, não tirava o encanto daquele mar escuro. Tão escuro quanto os olhos cheios de saudades de Justine.
Ela suspirou e enquanto pousava a mão no peito, olhou para o horizonte. Procurando alguém que não tinha certeza se encontraria. Porque nem sempre achamos o que desejamos no horizonte.
Charles sumira há dez anos. A nunca prova de que ele existira e tudo não passara de um sonho era a carta amarelada que Justine trazia consigo.
“Justine,
Acho que você só entenderá isso em alguns anos, mas preciso ir. Apenas não fique brava comigo. Entenda. E me espere, eu voltarei. Você consegue? Me esperar um pouco? Tentarei ser o mais breve possível. Logo voltarei para você
Com amor,
Charles.”
Ela já conhecia cada palavra que Charles colocara na carta, cada linha, tudo estava em sua mente. Tudo decorado. Com o passar dos anos ao invés de esquecê-la parecia que as letras se intensificavam. E as lembranças também.
Ao tirar os olhos do velho papel, Justine os pousou no horizonte. O que era aquela sombra? Mais um navio qualquer? De repente o coração de Justine pareceu sair do compasso normal e suas pernas quase se esqueceram de como se manterem firmes.
-Charles?-ela sussurrou.
Alguém, um homem, parecia acenar para ela, do convés da velha embarcação.
-Charles!- ela gritou, fazendo suas cordas vocais arderem. E o homem acenou de volta, com mais animo.
Ás vezes não encontramos o que procuramos no horizonte. Porque não é a hora, porque não era o que deveríamos encontrar. Mas Justine soube procurar, soube continuar buscando. Demorou dez anos, mas sua busca tinha terminado. Justine finalmente tinha encontrado seu amor, na linha do horizonte.

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