terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Fim

Chovia muito naquela tarde de setembro. Da janela da casa da fazenda, Catarina via, por entre as grossas gotas d'água, mais um dia se acabando.
No rádio, tocava aquela banda gaúcha "chegamos ao fim do dia, chegamos quem diria".
Catarina suspirou e o cheiro do chá de cidreira lhe entrou pelo nariz e foi até o peito, aquecendo o coração.
Naquele dia cinza, as coisas estavam estranhas, mas volta e meia todo mundo tem um dia meio assim. Meio estranho. Quando a gente se sente assim: meio pela metade.
Catarina sabia que passaria porque depois de uma noite bem dormida, tudo passa.
A chuva começou a bater forte na janela, Catarina e a fazenda inteira ouviu um trovão e depois silêncio. A chuva parara por hora. A tempestade parara por hora. A dor no peito de Catarina parara por bem mais de hora.

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