terça-feira, 8 de julho de 2014

Boa notícia

Silêncio na estância. Na sala, só o crepitar do fogo e a respiração de Rodrigo. Meia hora depois, dona Milena, mãe do rapaz, entra fazendo toc toc no chão de madeira.
-Boa noite, meu guri. Não fica muito tarde acordado. Depois te resfria, encaranga e aí já viu, eu que cuido, né?
Rodrigo riu para mãe.
-Pode deixar Dona Milena, me cuido e durmo cedo.
Então os olhos negros do rapaz voltaram-se para algo que chamou sua atenção. Naquela iluminação tênue da lareira um papel branco se destacava nas mãos meio calejadas do trabalho de Milena.
-Que isso, mãe?
Ela sorriu. Um sorriso de iluminar sala, cozinha, quarto e casa inteira.
-É uma carta, meu filho. Um bilhete, na verdade.
-Pra mim?
-Uhum.
-De quem? -Mariana - respondeu a mãe.
Rodrigo agarrou a carta com toda a vontade que lhe invadiu o peito. Quase com força. Mas ainda assim, delicado. Pois era de Mariana. E coisas vindas dela devem ser tratadas como ela. Com delicadeza.
Sorridente, a mãe deixou o recinto. Deixando o filho apreciar o cheiro e o sabor das palavras da amada.Em poucas linhas, Mariana alegrou o resto da noite de Rodrigo e quase o deixou sem dormir, de pura ansiedade. Sucinta, ela disse.

Ô Rodrigo, prepara as berga e o mate que eu tô chegando amanhã. Férias de inverno, né? Achou que eu tinha te esquecido, guri? Até breve. Cuida com o minuano.
Da tua, sempre tua
Mariana. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário