-Os hojes costumam serem bons dias - disse enquanto dobrava uma toalha vermelha antiga e separava duas canecas laranjas.
Saiu de casa assoviando, com as mãos enrugadas cheias do que carregar. Quando chegou ao Cemitério Municipal, uma brisa fresca agitou seus cabelos de prata. Sorriu. Geraldo a esperava logo na entrada. Amélia abriu os portões de ferro, chegou perto de Geraldo, estendeu a tolha vermelha no granito e olhou para o rosto do marido. Parado. Em preto e branco. Serviu as duas xícaras, bebeu uma. Esperou que esfriasse o café da outra.
-Sinto saudades - sussurrou Amélia para a lápide, enquanto passava os dedos pelas letras negras.
Geraldo Pereira
Marido e pai amado
1944-2004
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