Valentina olhou para o céu, fez
seus olhos azuis encararem o infinito cinza que cobria a cidade naquela manhã.
Ficou mais tempo do que o habitual na sacada de sua casa, sentindo o vento
enrolar seus cabelos, os lábios ressecarem e tentando manter os dedos aquecidos
em torno da xícara de café. A chuva
parava em grandes intervalos agora, e apesar das nuvens pesadas que pairavam
sobre a sua cabeça, tudo parecia estar no seu devido lugar. Nada melhor que um
sol particular para aquecer nossa alma.
Depois do café da manhã,
Valentina saiu de casa. Algumas gotas de chuva caiam aqui e ali, afim apenas de
marcar presença. Nada de raios. Valentina odeia raios. Quando no meio da manhã
o mundo parecia querer derreter-se, ela não se importou. Seus pensamentos
estavam focados em outras coisas, fazendo do tempo um mero detalhe. Obviamente
ela tremia de frio, mas não importava. É claro que seu cabelo voava em direções
sem sentido e sua pele parecia mais branca que o convencional, mas não havia
importância. Pois logo ao lado estava algo mais essencial. Nada melhor que um
sol particular para aquecer nossa alma.
Depois quando um ou dois relâmpagos
cortaram o céu, a mesma Valentina que sempre se assustava com a presença
luminosa deles, apenas saiu correndo e rindo. Eles eram apenas visões que ela
tivera pelo canto do olho. Pouco comparáveis
com o que acabara de ocorrer. Com o espírito luminoso de Valentina. Nada melhor
que um sol particular para aquecer nossa
alma.
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