terça-feira, 18 de setembro de 2012

Sobre aquecer a alma


Valentina olhou para o céu, fez seus olhos azuis encararem o infinito cinza que cobria a cidade naquela manhã. Ficou mais tempo do que o habitual na sacada de sua casa, sentindo o vento enrolar seus cabelos, os lábios ressecarem e tentando manter os dedos aquecidos em torno da xícara de café.  A chuva parava em grandes intervalos agora, e apesar das nuvens pesadas que pairavam sobre a sua cabeça, tudo parecia estar no seu devido lugar. Nada melhor que um sol particular para aquecer nossa alma.
Depois do café da manhã, Valentina saiu de casa. Algumas gotas de chuva caiam aqui e ali, afim apenas de marcar presença. Nada de raios. Valentina odeia raios. Quando no meio da manhã o mundo parecia querer derreter-se, ela não se importou. Seus pensamentos estavam focados em outras coisas, fazendo do tempo um mero detalhe. Obviamente ela tremia de frio, mas não importava. É claro que seu cabelo voava em direções sem sentido e sua pele parecia mais branca que o convencional, mas não havia importância. Pois logo ao lado estava algo mais essencial. Nada melhor que um sol particular para aquecer nossa alma.
Depois quando um ou dois relâmpagos cortaram o céu, a mesma Valentina que sempre se assustava com a presença luminosa deles, apenas saiu correndo e rindo. Eles eram apenas visões que ela tivera pelo canto do olho.  Pouco comparáveis com o que acabara de ocorrer. Com o espírito luminoso de Valentina. Nada melhor que um sol particular para aquecer  nossa alma.

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