segunda-feira, 1 de julho de 2013

Céu cor de nada

O mate estava acabando e o carreteiro quase pronto. O cheiro de almoço invadia a casa toda.
Era um sábado cinzento e pegajoso, mas o chimarrão e a companhia do cusco alegravam Milena. Ela passou os dedos longos pelas costas de Pelego e o bicho abanou o rabo, satisfeito.
-Tu não tem jeito- disse pro cachorro, que ela desconfiou concordar.
Levantou-se da cadeira de balanço. Olhou para o céu pálido. Sentiu saudades de um tempo que ela não sabia ao certo dizer qual. Suspirou. Lembrou do carreteiro, saiu correndo. As botas fazendo barulho pelo chão de madeira. Chegou na cozinha afobada.
-Hoje o carreteiro vai ter rapa, Pelego.
O cachorro abanou o rabo. Tudo bem, Antônio gostava de rapa de carreteiro. Mas cadê ele que não chegava? Já era quase hora do almoço!
Milena fez o caminho de volta até a sala. Pelego em seus calcanhares, quase entrando por sua saia. Ela sorriu, que bela companhia era aquele cão. Sentou-se em sua cadeira de balanço. E esperou por Antônio, sorvendo o restinho do chimarrão e olhando para o céu, cor de nada, daquele sábado.

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