domingo, 7 de julho de 2013

Chá de bergamota

-Te fiz um chá de bergamota - disse Milena entregando a xícara ao filho.
Rodrigo pegou-a com as duas mãos. Bebeu quase tudo em um gole. A mãe falou que ele queimaria a boca desse jeito. Ele sorriu.
-Bem capaz, mãe! - respondeu ele.
Milena olhou para o filho. Tão parecido com o pai, mas ainda sim, tinha jeitos dela. Algo no sorriso ou nos olhos. Mas a teimosia era do pai, Antônio.
-Falei que chovia hoje, agora vai ficar aí, de resfriado.
Rodrigo olhou o fogo da lareira, não responderia a mãe. Apenas concordou e chamou Pelego para perto dele. O cachorro primeiro olhou para Milena, como que pedindo permissão, e depois foi-se faceiro para o colo de Rodrigo.
O fogo crepitava, convidativo. Lá fora, o vento uivava, rugia. Pelego rosnou.
-É só o minuano- disse Rodrigo, afagando as orelhas do bicho.
Milena sorriu. Só faltava Antônio ali, que tinha mania de viajar para tratar dos negócios ele mesmo.
-Mania chata- deixou escapar Milena em voz alta.
-Mãe?
-Nada, Rodrigo. Estou pensando alto. E tu, vê se toma todo esse chá. Não quero ninguém fungando nessa casa.

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