sábado, 16 de junho de 2018

Depois

Eu te vi esses dias. Muitos anos depois da gente, eu te vi passando numa manhã fria demais em um julho desses que fazem a gente não querer sair da cama antes das 10h.
Eu sei que tu estás curioso por isso vou te contar.
Tu estavas de costas com uma jaqueta cinza muito feia e parecia estar com pressa. Seu semblante era de preocupação e tu estavas de fone de ouvido.
Não me viu, tenho certeza. E escrevo essa carta sem certeza de que vou enviá-la. Talvez eu só esteja precisando muito contar isso pra ti mesmo sabendo que tu não merece que eu gaste nem tempo nem tinta de caneta ou muito menos papel com você.
Aliás, onde tu mora agora? Já nem sei mais. Não poderia te enviar essa carta e nem o VÁ SE LASCAR que eu tanto deixei preso na minha garganta.
Caso eu mande a carta saiba que a jaqueta é realmente feia e seria interessante não usar nunca mais. Eu gostava daquela de jeans ou a de couro. Mas gostos mudam. Eu gostava de você, por exemplo.
Caso tu leia essa carta por engano ou por destino saiba que agora não dá mais, independente da jaqueta que tu use ou da música que tu escolha pra tocar.
Mas... Eu acho que não vou enviar essa carta, então tudo bem.
A jaqueta vai continuar cinza e feia. E tu vai continuar preocupado ouvindo músicas e andando sem olhar pros lado.
E eu vou continuar seguindo.
Abraços.
V.

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