Rodrigo abaixou-se e puxou três flores de uma vez.
-Cuidado, elas são delicadas
Ele se virou ligeiro, quase caindo no canteiro da mãe.
-Mariana!- exclamou- São pra ti- disse enquanto estendia os copos de leite.
Ela os pegou, lentamente, encostando sua mão na de Rodrigo. Os dois estremeceram e isso nada tinha a ver com o vento frio que cortava aquela manhã de Julho.
-Obrigada- o frio deixava os lábios de Mariana mais vermelhos do que o comum. Rodrigo tentou se concentrar em outra coisa.
-Lembra? Tu tinha uma porção deles na mão quando veio para fazenda pela primeira vez e...
-Te vi caindo do baio de cara no chão- Mariana riu- Sim, eu lembro sim.
-Dessa parte eu não me lembro- respondeu Rodrigo, sem deixar de rir também.
-Lembra sim e tuas costelas também devem lembrar. Por pouco não foi feio.
-Sim- concordou ele.
O vento resolveu que era hora de varrer os campos novamente. Os cabelos de Mariana pareciam querer acompanhá-lo. Rodrigo aproximou-se e tirou uma mecha negra da pele branca feito leite da guria. Os lábios dela eram mais vermelhos do que o comum enquanto ele se aproximava.
-Ahn... Obrigada pelas flores- Mariana agradeceu e saiu andando em direção a casa- Vou pedir para tua mãe um vaso bonito e as coloco no meu quarto.
Mariana sumiu casa adentro. E Rodrigo ficou ali parado. Olhando para as mãos sujas de terra, que tinham, por incrível que pareça, o cheiro doce dos cabelos de Mariana junto delas.
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