sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Remoendo, recordando, mudando

Charlotte ainda estava abalada. Fora o primeiro cadáver que vira. Um corpo jogado, sem vida, numa sala qualquer. Com cheiro de sangue e morte. Ela não conhecia a vítima, porém seu corpo doía sempre que fechava os olhos e a cena voltava claramente em sua mente. Será que era pai de alguém? Amava alguém? Quem ficaria sem seus beijos naquela noite fria? Quem sentiria sua falta? Que lado da cama ficaria vazio? Que olhos ficariam vermelhos de tanto chorar?
A jovem sentia-se mal. Revoltada, triste, indignada e sem forças. Ao chegar na pequena sala de seu amigo Nikolai, Charlotte jogou-se no sofá e por lá ficou. Ela acha que chorou, não lembra direito. O vazio no peito era muito grande para ter certeza. Sentiu saudades imensas de quem nem lembrava que conhecia. Sentiu saudades de si mesma. De como era antes de ver um homem interne envolto em sangue. Morto.
Ela havia mudado. E não havia volta.

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