segunda-feira, 23 de junho de 2014

Do que era amargo

Anna foi pegar um café na cozinha para esquentar o coração e lhe fazer companhia. Edgar havia viajado há duas semanas e ficaria mais três dias fora de casa. Da casa que ficava meio vazia e sem sentido sem ele.
Anna vagava por ali fazendo os cabelos de fogo dançarem no cinza da saudade que pintava a sala, o quarto, a cama. Seus olhos de grafite analisavam cada detalhe, cada móvel, cada lembrança imóvel de Edgar. Suspirou de saudade e bebeu um gole bem quente do café amargo. Amargo e quente pra vê se adoça o coração.
-Mais amargo que isso só a saudade do Edgar- murmurou pra xícara de porcelana.
-Saudade de quem? - perguntou o causador da falta de sorrisos no rosto de Anna.
-Edgar!
-Eu!
-Ai, que saudade - ela disse se jogando nos braços dele.
Beijaram-se. Mataram a saudade um do outro. Bem devagar. Bem sem pressa. Agora Edgar estava em casa e o café não era mais sozinho. Não era mais amargo, por menos açúcar que tivesse.

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