sábado, 1 de fevereiro de 2014

Amoras pro meu amor

Pedro veio equilibrando uma tigela de amoras como se sua vida dependesse disso. Alice estava esticada no sofá. Uma das pernas (e pé de meia listrada) apoiada na guarda do sofá vermelho.
-Amoras pro meu amor- disse Pedro rindo e sentindo-se o mais sagaz dos poetas.
-Genial- disse Alice se sentando como uma mocinha de respeito e enchendo a boca de amoras como um pivete mal criado.
Em seguida a jovem resmungou algo com a boca cheia. Pedro interpretou como um "Nossa! Que delícia!", mas podia ser qualquer outra coisa em qualquer outro idioma conhecido ou não.
Pedro foi até a cozinha. Quando voltou não havia sinal de amoras. Elas poderiam não ter passado de um sonho não fosse a tigela nas mãos de Alice e sua boca e queixo manchados.
-Gulosa.
-É feio recusar presente- ela respondeu limpando a boca com as costas da mão.
-É uma princesa mesmo. Quem disse que as amoras eram um presente?
-Quem disse que não eram?
-Droga.
-Venci- ela disse triunfante.
-Venceu- devolveu Pedro rindo- vou pegar mais presentes.
-Amoras?
-Sim. Amoras. Amoras pro meu amor.
Alice riu e esticou-se de novo no sofá. Fechou os olhos e esperou por mais amoras e pela volta do seu poeta. Meio desajeitado, mas seu poeta. Seu Pedro.

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