sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Leve

Tinha no ar aquele cheiro de carne gorda assando, que fazia Rodrigo lamber a boca e querer morder os próprios lábios. Faltava pouco pra uma da tarde e pro churrasco do seu Antônio ficar pronto.  Enquanto Rodrigo esticava as pernas embaixo do velho salgueiro, viu Mariana saindo da casa. De vestido branco de renda, os cabelos bem escuros presos em uma trança longa.
Acenou pra ela. A moça acenou de volta, riu e correu ao encontro dele.
-Que fome! Ainda bem que teu pai me disse que não falta muito pra carne ficar pronta – veio logo dizendo.
Rodrigo estendeu-lhe a mão e ela se jogou na grama, ao seu lado. Os dois ficaram ali, ouvindo os passarinhos, vendo a grama a favor do vento, sentindo o cheiro da carne quase pronta.
-Vou sentir tua falta- disse Rodrigo depois de um bom tempo.
Mariana sorriu.
-Mesmo se eu continuar aqui?
Rodrigo abriu e fechou a boca umas três vezes. Que foi que a guria tinha dito?
-Eu não vou embora, Rodrigo. Quer dizer, teu pai e tua mãe me convidaram pra ficar mais. Eu aceitei. Só se tu te incomoda e ...
Rodrigo puxou Mariana pra si e lhe deu o abraço mais apertado de que se recordava ter dado a alguém. Segurou Marina pela cintura até lhe faltar forças nos braços. Só a soltou quando teve a sensação que poderia quebrá-la.
-Será muito bem-vinda – disse ele por fim.
Mariana abriu seu sorriso de pérola.
-Obrigada, é bom saber. Agora vamos, teu pai tá nos chamando lá da varanda.- Rodrigo continuou onde estava, olhando pra ela- Ligeiro, antes que a gente tenha que disputar os ossos com o Pelego.
Mariana afagou as orelhas do cachorro que estava em volta dos seus pés há um tempo. Levantou-se e saiu.  Leve com seu vestido de renda branca.
Leve como o vento.

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