sábado, 1 de abril de 2017

Casa de campo

Uns dois anos ou mais. Essa era a estimativa de tempo que Valentina fazia. Uns dois anos ou mais que ela não entrava na casa de campo. Estava tudo empoeirado e coberto de panos brancos. Brancos de cor e brancos de poeira. Enquanto o sol do fim do dia entrava pela janela enorme da sala de jantar, Valentina passeava os dedos indicador e do meio pela mesinha lateral. As mãos passavam e as lembranças iam junto. Jantares, almoços, alguns cafés da manhã.
Valentina, de repente, se perguntou porquê fazia tanto tempo que não visitava a casa de campo. Uma saudade imensa tomou conta do peito dela. Porém, não era uma saudade triste. Era saudade de ação. Valentina começou a tirar panos e poeiras, a arrastar móveis, a ligar para os amigos da época da casa de campo. De hoje não passaria. A vida voltaria para a casa de campo. A vida voltaria para Valentina.

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