sexta-feira, 6 de abril de 2012

E o piquenique continua


-Por acaso não tem mais aí, não?
A pergunta de Roberto ecoou na cabeça de Miranda. Ele estava sugerindo o que ela achava? Mesmo? Quando ela abria a boca para responder ao invés de palavras ela soltou um gemido. O bule de café que ela matinha nas mãos quando Roberto a beijara havia derramado um pouco do líquido em suas mãos. Um pouco de líquido quente.
-Droga- murmurou ela puxando um pequeno pano branco e limpando suas mãos. Ela acabara com o clima romântico que se instalava ali em menos de um minuto. Como ela podia ser tão desastrada?
Roberto aproximou-se e a ajudou, limpando o restante do café das mãos trêmulas de Miranda. O tremor, os dois sabiam, não tinha nada a ver com a bebida quente que caíra ali...
-Tudo bem?- ele perguntou.
-Agora eu também tenho gosto de café- ela riu erguendo a mão direita.
-Estamos empatados- riu Roberto.
Os dois permaneceram se olhando, inseguros. Como agir agora? Miranda estava quase perguntando se os dois haviam mesmo se beijado ou se ele escorregara acidentalmente, quando Roberto fez exatamente a mesma coisa de antes. Aproximou-se, tocou-lhe os lábios e depois se afastou mal dando tempo para Miranda processar o que acontecia.
-Dá pra parar com isso?- perguntou Miranda, o tom de voz um pouco irritado.
Roberto franziu a testa.
-Parar com o quê? Os beijos?
-Não!- disse Miranda rapidamente, rápido até demais ela julgou depois. Para quê tanto desespero?, ela disse para si mesma- Com esses...Esses ataques surpresa!
Roberto riu. Ataques surpresa. Só Miranda para surgir com uma dessas. Quando ele achou que ela viria com um discurso sobre a velha amizade deles, ou sobre ela sempre ou nunca ter amado ele, ou sobre quantos germes e bactérias devem haver na saliva humana, ela fica irritada por ele lhe ter roubado dois beijos.
-Quer começar a marcar hora? A gente pode agendar esse tipo de coisa se você quiser- respondeu ele.
Miranda estreitou os olhos verdes e bufou. De repente ela estava muito parecida com um gato irritado. Roberto não pode deixar de rir.
-Não é questão de marcar hora, é que você simplesmente chega perto de mim e me beija e quando eu estou simplesmente processando o fato você já se afastou, como se nada tivesse acontecido, e eu fico aqui me perguntando se isso foi real!- Miranda falou tudo isso nunca velocidade impressionante, obrigando-a a respirar fundo logo após.
-Bom, é por isso que chamam de beijo roubado, Miranda. Porque é sem aviso- respondeu Roberto calmo, apesar de estar se divertido para valer por dentro.
-Então, você é um ladrãozinho de beijos descarado?- ela perguntou.
Roberto a analisou antes de responder. Não, ela não estava realmente irritada. Ela gostava da ideia de ele ter a beijado. Havia um sorriso no canto de sua boca, lutando para manter-se escondido.
-É, eu sou um ladrão descarado de beijos-confessou ele- O que posso fazer?
Miranda deu de ombros.
-Pensarei em uma punição adequada enquanto comemos. Agora, me passa o bolo de cenoura sim?

Nenhum comentário:

Postar um comentário