segunda-feira, 28 de março de 2016

Outono de Anna

Quando o outono começava é que Anna podia sentir que era ela mesma.  Os seus cabelos cor de folha de plátano que despenca da árvore, pareciam mais vermelhos ainda nessa época do ano. Seus olhos adquiriam um brilho novo, bem típico daqueles que tinham amor pela vida.
Anna ficava toda nova e ainda mais linda no outono. Era nessa estação que ela se fazia flor e florescia de dentro pra fora e de fora pra dentro, ela sempre se encontrara no outono.
Sorrindo, agarrada na caneca de porcelana, ela lembra da época de criança, em que rolava os cachos de fogo em cima dos plátanos caídos e os cabelos se misturavam com as folhas e faziam de Natureza e de Anna uma coisa só.
Eram impossível para ela não amar o outono, porque o outono era ela. E Anna aprendera, com o passar do tempo, a se amar.

domingo, 20 de março de 2016

A caixinha

Uma caixinha em cima da mesa da cozinha fez o coração de Alice disparar. Ela era quadrada, pequena e forrada de veludo vermelho. Ah, não..., pensou ela. Olhou ao redor em busca da única pessoa que poderia ter colocado ela ali.
-Pedro? - chamou.
Nada.
-Ô, Pedro, foi tu que colocou essa caixa aqui? - tentou mais uma vez, sem resposta.
Ai, que agonia, pensou Alice. Será que era pra ela? Olhou para sua mão direita, mas será, hein?
Depois a pôs no coração. Era melhor esperar pelo Pedro. Vai que não era para ela, poderia ser um presente para mãe de Pedro, que estaria de aniversário em alguns dias.
Foi com dificuldades, passos cheios de curiosidade relutante, sentar na sala.
Quando Pedro chegou ela batia os pés com força no chão e fingia se interessar muito pelo que passava na televisão, mesmo não fazendo ideia do que era.
-Oi - ele disse.
-Oi! - ela berrou
-Tá tudo bem, Alice?
-Tá... E contigo? - continuou antes que ele respondesse- tem uma caixinha ali em cima da mesa da cozinha, acho que tu esqueceu.
-É pra ti - ele respondeu.
Um calor frio e um frio quente tomaram conta do peito da Alice. A palavra "socorro" se formou na mente dela.
Correu para abrir a caixa, quase tropeçando no tapete da sala. Quando a abriu, suspirou.
-Jura? - ela perguntou sorrindo
-Eu sabia o quanto tu queria. Eu não pude resistir quando encontrei - Pedro abriu um largo sorriso.
-Um anel do humor, finalmente! - Alice dançava pela sala segurando a caixinha aberta.
Pedro sorriu. Sabia que com aquele presente em mãos, o humor de Alice seria sempre o melhor possível, e, com certeza, esse era o melhor presente de namoro para ele.